O mercado de serviços financeiros vêm apresentando diversas transformações ao longo dos anos e
muitas delas vem da percepção que, atualmente, é necessário apresentar soluções que facilitem a vida
dos usuários. Com a mudança nos padrões de consumo, os clientes exigem cada vez mais soluções
inovadoras que podem ser usadas com segurança e praticidade.
Com os avanços tecnológicos e o aumento do processo de digitalização, as empresas de tecnologia
financeira conseguem promover impactos sociais positivos, como a inclusão no sistema de pessoas não-
bancarizadas. Para se ter ideia, de acordo com dados da Global Findex, em 2022, cerca de 1,7 bilhão de
pessoas não possuíam uma conta bancária. E foi para mudar esse cenário que as fintechs surgiram. Elas
trouxeram em suas bagagens novas soluções, a fim de gerar uma experiência simplificada, de modo que o
cliente tenha autonomia em soluções que até então pareciam complexas. Eu poderia colocar aqui uma
lista imensa de empresas digitais que fizeram a diferença nesse segmento.
Em um mercado cada vez mais concorrido, vão se destacar entre as fintechs aquelas que trazem
diferenciais, sempre. Por conta disso, cada vez mais têm desenvolvido produtos baseados nas demandas
desses clientes que estão nos mais variados nichos como varejo e logística. E sei que agora a nossa
próxima tendência financeira será de saldos compartilhados.
Grandes players já começam a entrar nesse segmento que eu, com a experiência que possuo, acredito
ser a próxima fase das fintechs B2C no Brasil. Até porque é necessário ter em mente que as finanças
individuais chegaram no seu limite. Quando você projeta um produto digital, os princípios-base sobre os
quais esse produto é construído são: resolve “uma dor” de “alguém”. "Alguém" sendo diferente de
"Alguéns". Et voilà. O produto muda inteiro.
Posso até citar alguns exemplos de quem está tentando fazer a versão para dois ser tão boa quanto para
um. Tente compartilhar sua assinatura de mercado e boa sorte buscando o histórico de pedidos da sua
dupla. Poderia ser fácil eu recomprar o azeite que acabou, só que não consigo porque o pedido foi feito
pelo login do meu companheiro, por exemplo. Ou outro caso, tente compartilhar seu app de música
preferido e a única coisa que você ganha é um descontinho, quando poderia ser uma grande imersão
musical, não acha?
Essas soluções são excelentes, porém, foram feitas para apenas uma pessoa. E daí fizeram seus
“puxadinhos” para dois. Puxadinho não é experiência, muito menos em pleno 2024. Quem nasceu para
um, nunca será para dois. Essa é minha visão e a maneira como diferencio meu negócio.
Quando eu digo que, ao fazer produto digital, precisamos projetar experiências para dois, significa que,
desde o dia 0, temos que pensar e recriar uma experiência financeira para "alguéns", seja lá de quantas
pessoas forem: 2, 3, 4. E no final, tudo o que surgir a partir disso será completamente diferente do que já
se viu até então.
Aqui na minha empresa, internamente, estamos expandindo nossa palavra e entregando a solução da Noh
para todo mundo que vive em dois e o que mais ouvimos é "uau!". Um exemplo é a Noh. Modéstia parte,
quando mostramos nossa conta compartilhada para os clientes, que são os casais, o que mais ouvimos é
"uau"! Vamos combinar que não é a mesma coisa ter uma conta inteira projetada para dois, do que ligar
uma pequena feature para dois em um emaranhado feito unicamente para um. Quando eu vejo o que
criamos, o tanto de apoio que tivemos, e o impacto que temos nas vidas de dois, eu fico realizada.
Quando eu vejo grandes players no mercado chegando para essa festa como se fosse fácil ligar o "para
dois"; dentro do "para um"; - e ainda sem serem convidados - eu fico lisonjeada. Agora a brincadeira vai
ficar mais legal ainda. E é isso que eu digo sempre: quem nasceu para um, nunca será para dois.
*Por Ana Zucato, CEO e fundadora da fintech Noh.